Nesta edição a conversa é com o Daniel Haubert, CEO da Solar Haus, que aborda os benefícios de se aderir à geração fotovoltaica, bem como os riscos regulatórios que experienciou na sua jornada de empreendimento no mercado de geração distribuída e de instalação de estações de recarga.

O QUE PENSA O ESPECIALISTA

André Fortes Chaves

03/01/2024 – 5 min ler

Daniel, primeiramente obrigado por topar fazer parte desta série e parabéns por empreender na área de energias renováveis. A Solar Haus foi fundada em agosto de 2022, a partir da união de profissionais já experientes, com o intuito de empreender no mercado de energia fotovoltaica e a missão de proporcionar autonomia em termos de geração de energia a seus clientes. Como se dá e quais são as vantagens desta chamada autonomia energética? Você poderia apontar também algum eventual risco?

André, primeiramente agradeço o convite e a oportunidade. A meu ver, a autonomia energética se dá pela possibilidade de o consumidor poder gerar sua própria energia por meio do efeito fotovoltaico, que tem por fonte a irradiação solar. O consumidor precisa pagar as taxas mínimas de acordo com resoluções da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) que regem a geração distribuída (GD) e as concessionárias, isso relacionado a sistemas ON GRID (conectados à rede da concessionária e a participantes de um sistema de compensação de créditos excedentes em kWh). Entre as vantagens da autonomia energética que posso citar estão o impacto do aumento da tarifa de energia (valor pelo kWh de consumo a ser pago) diminuído ou mitigado, sustentabilidade, proteção contra bandeiras tarifárias e economia para o consumidor. E claro que há riscos nesse processo, principalmente referente às regulações do setor elétrico brasileiro, como por exemplo o inicio da cobrança pelo fio B (componente da tarifa energética relacionada ao uso do sistema de distribuição) pela lei 14.300/2022 e incorporado à resolução normativa 1059 da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e às políticas públicas ou a falta delas para crescimento da geração distribuída (GD).

Muito se fala a respeito da importância da transição energética, que, em síntese, consiste na adoção de fontes renováveis de energia. Mas, do ponto de vista do consumo, como você avalia a demanda por soluções fotovoltaicas? Dentro do que foi possível observar, existe um aumento na procura por estas instalações?

Do ponto de vista do consumo, acredito que a demanda por soluções fotovoltaicas se dá e aumenta pela procura por economia pelos consumidores de energia elétrica como fator principal, sendo a sustentabilidade também importante. Status pessoal também seria um fator, mas mais de segundo plano. De acordo com o que já foi exposto, é interessante fazer uma comparação com o período do final do ano de 2022, o ano de 2023 e o início do ano de 2024. No final de 2022 houve uma corrida para protocolo de projetos e emissão de parecer de acesso pelas concessionárias para garantir as condições atuais naquele momento da GD até o ano de 2045, conforme já havia a informação da entrada em vigor da lei 14.300/2022 a partir de 08/01/2023. A partir desta data para frente, o ano de 2023 ficou um pouco mais morno, o mercado não soube o que esperar da nova regulação e outras questões econômicas fizeram com que o preço de equipamentos de energia solar fotovoltaica fossem caindo ao longo do ano, como a queda do dólar, a oferta mais baixa que a demanda, principalmente no primeiro semestre de 2023, e ao aumento da capacidade produtiva da China. Esta atratividade de preço menor reaqueceu o mercado e houve um grande aumento da procura por soluções fotovoltaicas por consumidores finais desde o segundo semestre de 2023 até agora.

Quais aspectos você entende necessários para diferenciar o atendimento a cliente residencial e comercial? Neste mesmo sentido, poderia mencionar distinções de soluções em ambiente rural ou urbano?

Há uma diferença na tratativa negocial e na complexidade de projetos de implementação de geração solar fotovoltaica para clientes residenciais e comerciais. Normalmente clientes residenciais e comerciais de pequeno porte são atendidos pelas concessionárias de energia elétrica em baixa tensão, o que torna as conexões da geração fotovoltaica mais simples. Já os clientes comerciais maiores e com maior consumo de energia, possuem transformador particular na unidade consumidora e a necessidade da interação da conexão com uma subestação, provável utilização de cabos de maior bitola e disjuntores de maior corrente de proteção. Já em relação às soluções em diferentes ambientes, a infraestrutura elétrica urbana é mais desenvolvida e há maiores quantidades de redes, subestações, alimentadores de redes o que facilita as conexões neste ambiente. No ambiente rural muitas vezes há uma dificuldade de atendimento com rede trifásica, o que pode inviabilizar ou encarecer as soluções, sem contar que é mais comum problemas com a qualidade da energia elétrica fornecida pela concessionária nesses locais.

Por meio de sua missão, a Solar Haus se compromete a prover soluções inovadoras e renováveis com produtos e atendimentos de qualidade. De que forma a empresa discrimina os produtos passíveis de serem utilizados em suas soluções?

A Solar Haus Energia se preocupa com a qualidade dos equipamentos a serem utilizados nas instalações, tanto de energia solar fotovoltaica quanto de carregadores para veículos elétricos. Entregamos uma solução eficiente e queremos que nossos clientes fiquem sempre satisfeitos. Eu já possuo um conhecimento consolidado na área de energias renováveis e experiência com diferentes tipos de equipamentos e procurei implementar na empresa o que já havia trabalhado e sabia que era de qualidade, para que nossos clientes fiquem satisfeitos com todo o processo do serviço prestado, inclusive o pós vendas. E temos que estar sempre atentos às novidades do mercado.

A Solar Haus também empreende no campo de instalação de estações de recarga para veículos elétricos. Como surgiu a motivação para atuar nesta área? A respeito de usuários de veículos elétricos, como você avalia as vantagens de contarem com instalações fotovoltaicas em suas residências e/ou comércios?

A motivação para atuar nesta área se deu pelo networking que eu possuía na área de energias renováveis em Brasília, já havia executado projetos de instalação para carregadores de veículos elétricos para atender condomínios em que conhecidos eletricistas iriam efetuar o serviço. Percebi que tinha que estar na vanguarda da mobilidade elétrica desde o início do projeto da Solar Haus Energia, já que eu me interesso muito por essa área e tive uma visão da oportunidade de negócio e para uma diversificação de serviços ofertados pela empresa. E desde então a quantidade de veículos elétricos vendidos no Brasil disparou, sendo o BYD Dolphin eleito o carro do ano em 2023. Por fim, há que se dizer que a geração de energia solar fotovoltaica e a mobilidade elétrica se complementam uma à outra. A economia do carro 100% elétrico em relação a necessidade por combustível é grande, porém há a necessidade de um consumo de energia elétrica extra para o carregamento da bateria do carro. Neste ponto, o consumidor que possui uma unidade consumidora com geração solar fotovoltaica e já dimensionada para os carregamentos vai ter o benefício de uma economia extra neste sentido. A necessidade da energia elétrica para os carregamentos dos veículos elétricos vai impulsionar mais ainda o mercado da GD no Brasil.